HISTÓRICO DO GRUPO

O GESESC foi criado em 2009 por Diego Sarmento de Sousa e Luiz Carlos Rabelo Vieira, ambos Licenciados Plenos em Educação Física e acadêmicos de Fisioterapia da UEPA, com o objetivo de pesquisar e desenvolver novos conhecimentos sobre o fenômeno do sedentarismo em seus diversos contextos e potenciais determinantes, assim como sua associação a diferentes patologias, através dos métodos epidemiológicos em grupos populacionais distintos (escolares, universitários, trabalhadores, grupos especiais, outros).>>>Mais informações>>>

quarta-feira, 13 de abril de 2011

INÍCIO, MEIO E FIM DO TEXTO ACADÊMICO E DO PROJETO DE PESQUISA - PARTE II

Por Luiz C R Vieira
Em 13 de abril de 2011

Na primeira destas reflexões que seguem foram comentados exatamente cinco passos que, bem compreendidos, facilitam a elaboração de um texto acadêmico.

Dando prosseguimento, no presente manuscrito serão efetivamente apresentados e discutidos tópicos essenciais de um Projeto de Pesquisa.

Antes de tudo algumas coisas precisam ser esclarecidas. São elas:

• Se você for elaborar um Projeto de Pesquisa para ser encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), atente-se para a estruturação/formatação estabelecida por este CEP, visto que varia um de outro;

• Atente-se aos documentos necessários para serem encaminhados junto ao Projeto, como cartas de aceite da(s) Instituição(ões), orientador etc.;

• Deve-se ter currículo lattes atualizado de todos os envolvidos no estudo;

• Verifique os prazos do CEP, como as datas de recebimento e devolução de parecer.

Em conformidade aos tópicos supracitados, lance mão da elaboração escrita do Projeto. Para tanto, é necessário familiarizar-nos com a estrutura do Projeto de Pesquisa apresentada abaixo, conforme o solicitado pelo CEP da UEPA, Campus Santarém.

1. Capa (folha 1): no modelo abaixo se atente para o curso em questão. Além disso, é importante elaborar um título conciso e evite colocar neste ponto final.



2. Sumário (folha 2): atente-se à paginação correta das informações.



3. Caracterização do projeto (folha 3): atente-se à marcação correta dos tipos.



Doravante serão apresentados e discutidos os tópicos essenciais do Projeto de Pesquisa, os quais foram escritos em conformidade ao trabalho exemplificado na seção 1. Capa.

4. Introdução (folha 4): sugere-se que esse tópico seja escrito após a finalização da justificativa e objetivo geral do Projeto, uma vez que requer embasamento desses além da apresentação do tema. Alguns teóricos sugerem que na Introdução o pesquisador deve responder às seguintes perguntas: para que? e para quem?. Há, geralmente, a confusão entre título e tema, os não são sinônimos; a equivalência encerra-se no assunto que abordam.

Sendo assim, título é basicamente o seu objetivo geral e tema é o assunto que está se abordando na pesquisa.

A escolha de um assunto que justifique uma pesquisa deve fundamentar-se em um levantamento de dados prévio sobre o mesmo, pois sem isto o tema corre o risco de ser inexequível e inadequado para fins de pesquisa científica. A obtenção desses dados não assume as mesmas características daquela que será empreendida na fase de execução da pesquisa, aqui os dados fornecerão condições para que seja possível familiarizar-se com o assunto, a ponto de torná-lo preciso, bem determinado e específico.

A obtenção de dados iniciais sobre o tema a ser pesquisado pode lançar mão de três procedimentos: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e contatos diretos.

Sugerimos que a Introdução seja sucinta e elaborada em três parágrafos, sendo o primeiro apresentando o assunto/tema com a abordagem das melhores referências; o segundo, a justificativa e o último, o objetivo.

Exemplo de Introdução do trabalho expresso na Capa.

Observa-se um crescente interesse da comunidade científica em estudar o envelhecimento humano (SANTOS-FILHO et al., 2006). Acredita-se que isto se deva, sobretudo, ao fato desse processo ser marcado por variações na antropometria (principalmente na estatura, no peso e composição corporal), nas capacidades motoras e fisiológicas (redução da força muscular, flexibilidade e da capacidade cardiorrespiratória), dificultando, assim, a realização das atividades da vida diária na manutenção de um estilo de vida saudável (MATSUDO et al., 2000).

O exercício resistido, por estimular a contração muscular contra a resistência de algum equipamento, realizado em séries com sequências contínuas de repetições de movimentos, com intervalos de duração variada (FORJAZ et al., 2010), tem sido reportado como uma prática benéfica para o idoso e recurso no tratamento fisioterápico para a terceira idade.

Diante disso, o estudo presente investigar a variação da força muscular e do equilíbrio postural de mulheres idosas após a realização de um programa de treinamento resistido.


5. Justificativa: segue logo após a finalização da Introdução, pois não há quebra de página. Esse tópico, sem dúvida, é um tópico bastante complicado para ser escrito. Isto se deve ao fato de muitas das vezes o pesquisador deter um bom adequado conhecimento sobre o assunto que está abordando, no entanto, não detém informações suficientes para expor as razões que demonstrem de modo convincente a necessidade de se pesquisar sobre o assunto proposto. Assim, espera-se que responda com propriedade os seguintes questionamentos: Qual a relevância do tema para área de conhecimento?; Quais os motivos de ordem teórica e ou prática que revelem quão importante é a pesquisa?; Quais as possíveis contribuições que a pesquisa pode vir a trazer? Todas essas perguntas respondem o porquê da pesquisa.

Os argumentos elencados na justificativa devem demonstrar a capacidade de convencimento do pesquisador e sua criatividade em vislumbrar contribuições. Por esses motivos é que na justificativa não devem ser apresentadas citações/referências, diferindo nesse ponto da revisão bibliográfica que deverá estar contida no embasamento teórico.

Exemplo de Justificativa do trabalho expresso na Capa.

Durante tempos acreditou-se que o treinamento resistido (TR) geraria inúmeros riscos aos praticantes, sendo, consequentemente, contra-indicado ao longo de anos para vários tipos de público, dentre eles os cardiopatas e os idosos. No entanto, as evidências encontradas na literatura decorrentes das perspectivas fisioterápicas, da fisiologia do exercício, da geriatria e da gerontologia, têm comprovado que o TR gera benefícios a vários indivíduos, acometidos ou não por doenças, além de ser seguro, desde que adequadamente orientado por profissionais especializados. Novas tendências apontam que este tipo de treinamento pode ser mais seguro que o aeróbico. No entanto, ainda que se possa afirmar que estudos têm sido desenvolvidos nesse sentido, muitas dúvidas ainda necessitam ser elucidadas.

Após levantamento de dados em indexadores (Scielo e Lilacs), notou-se que há importante publicação na literatura nacional utilizando o TR como recurso da fisioterapia para o tratamento de várias doenças. Porém, nenhum foi encontrado similar ao presente estudo. Enquanto tratamento fisioterápico na terceira idade, esse tipo de treinamento pode fazer parte do programa direcionado a pacientes com disfunções clínicas cardiovasculares (BIASOLI, 2007).

Além da busca de dados mencionada acima, recorreu-se à produção científica da Fisioterapia existente na Biblioteca da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Trata-se dos Trabalhos de Conclusão de Curso. Nestes não foi identificado qualquer estudo que levou em consideração o TR enquanto perspectiva de investigação na área em termos regionais.

Diante disso, a presente pesquisa tem por propósito maior investigar se o TR aumentará significativamente a força muscular e o equilíbrio postural de mulheres idosas, as quais serão obtidas dentre as participantes do Projeto de Extensão Agita Santarém, que visa proporcionar melhoria da qualidade de vida ao público participante. As atividades físicas direcionados no Projeto restringem-se aos exercícios aeróbicos e localizados, de flexibilidade e ações recreativas. Nesse sentido, a pesquisa justifica-se também por disponibilizar a algumas participantes do referido grupo a prática do TR para que possam obter benefícios e vivenciarem esse tipo de atividade.


6. Hipóteses: no teste de hipótese, têm-se sempre duas hipóteses: H0 é a hipótese nula; H1 é a hipótese alternativa. Geralmente, a H1 representa a suposição que o pesquisador quer provar, sendo a H0 formulada com o propósito de ser rejeitada. Portanto, a H0 é sempre a hipótese a ser examinada. Conseguindo rejeitar H0, a H1 será aceita. Assim, o pesquisador comprova o que almejava (FONSECA; MARTINS, 1996). Ao observarmos o quadro 01, podemos verificar as hipóteses que nortearão a pesquisa expressa na Capa.



7. Objetivos: nesse tópico responde-se a pergunta para que? Divide-se em Geral e Específicos. O primeiro é praticamente o próprio título da pesquisa; já os Específicos correspondem aos passos minuciosos que deverão ser alcançados para se alcançar o Geral. A utilização e escolha correta dos verbos é importante para não gerar ambigüidade ou mesmo desacordo da proposta da pesquisa com a Metodologia a ser adotada.

Exemplo de Objetivos do trabalho expresso na Capa.

Geral:

Analisar a força muscular e equilíbrio postural de mulheres idosas após a realização de treinamento resistido.

Específicos:

Avaliar a força muscular da amostra entre as situações pré e pós treino;

Verificar o equilíbrio postural da amostra entre as situações pré e pós treino;

Correlacionar as valências do estudo.


Esperamos ter contribuído à assimilação de mais conhecimento sobre a produção de um projeto de pesquisa.

Nas próximas reflexões trataremos sobre os demais tópicos do projeto.

Saudações acadêmicas.
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